Missão da V Semana de Quadrinhos da UFRJ



Sessenta anos atrás, pesquisar quadrinhos era desafiador. Não por falta de abordagens, estudos de caso ou possíveis intertextualidades, mas por falta de abertura acadêmica e por preconceitos infundados, hoje felizmente abolidos.

Entretanto, mesmo com eventuais impedimentos e falta de apoio, cinco jovens profissionais – Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado – aceitaram o desafio de, no ano de 1951, organizar a “Primeira Exposição Didática Internacional de Histórias em Quadrinhos" no Centro Cultura e Progresso, situado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Embora não tenha sido, como expresso na época, a primeira exposição de quadrinhos no mundo, foi a primeira no Brasil e teve relevância ímpar, por não se propor a simplesmente expor as imagens, mas explicar sua linguagem. A partir de originais concedidos por artistas respeitados, como Milton Cannif, Alex Raymond, All Capp e Will Eisner, a Exposição se prontificou a demonstrar o potencial da arte sequencial pela relação existente entre a imagem e o texto, entre um quadro e outro e, principalmente, do veículo com outras artes e saberes, comprovando o quanto o tema poderia merecidamente ser tratado como objeto de estudo em pesquisas vindouras.

As décadas subsequentes se encarregaram de muitas aquisições para os que defendiam essa forma de arte. Primeiramente, firmaram as histórias em quadrinhos ou a arte sequencial como nona arte, um acréscimo merecido ao Manifesto das Sete Artes, de Ricciotto Canudo. Segundo, sessenta anos depois, comprovou que os esforços dos jovens de 1951 não foram em vão. Que a arte sequencial e a universidade podem realmente andar de mãos dadas, afirmação devidamente comprovada pela repercussão que a IV Semana de quadrinhos da UFRJ apresentou no ano de 2010, o que culminou com a indicação do evento ao prêmio HQ Mix, uma das mais tradicionais e prestigiosas premiações dos quadrinhos brasileiros.

Se estaremos debatendo os avanços e conquistas na última década, é porque esse avanço teve um início. Esta é a proposta da V semana de quadrinhos da UFRJ: conquistar novas terras, sem esquecer dos antigos desbravadores, hoje exemplos para novas conquistas.




Victor Almeida.